A
governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), demitiu o policial civil Diego
de Almeida Soares, que é réu na Justiça por venda ilegal de armas, falsidade
ideológica e uso de documento falso. Segundo inquérito da Polícia Federal, ele
era dono do CTA Clube de Tiro, em Caruaru, no Agreste do estado.
Até ser
fechado durante as investigações, o local era considerado o maior
estabelecimento desse tipo no Brasil (relembre o caso abaixo).
A decisão
foi publicada no Diário Oficial da quarta-feira (18), quase dois anos depois
que a Corregedoria-Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS) solicitou a
demissão do servidor por ter empresas em seu nome, o que fere o estatuto dos
policiais civis.
Além do
clube de tiros, o escrivão era sócio da loja Shop do Atirador, que também
funcionava em Caruaru e encerrou as atividades após as investigações. O g1
entrou em contato com a defesa de Diego de Almeida Soares, mas, até a última
atualização desta reportagem, não obteve resposta.
O agora
ex-policial, que foi presidente da Associação dos Policiais Civis de Pernambuco
(Aspol) até 2023, ficou conhecido por ser alvo de uma operação da PF em 2022.
Atualmente, o caso tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e está no
gabinete do ministro Og Fernandes, que é o relator.
De acordo
com a publicação do Diário Oficial, o ex-servidor foi demitido pelas infrações
previstas no artigo 31 da Lei Estadual 6.425, de 1972, que proíbe os policiais
de participar da gerência de empresas e de exercer comércio ou participar de
sociedade comercial.
O pedido de
demissão de Diego Almeida Soares foi publicado no Boletim Geral da SDS no dia
21 de março de 2023, quando foi remetido para a governadora Raquel Lyra, que
tem a palavra final sobre esse tipo de processo disciplinar, como determina a
lei.
No texto do
boletim, a então secretária estadual de Defesa Social, Carla Patrícia Barros da
Cunha, disse que acatou sugestões e pareceres da 5ª Comissão Permanente de Disciplina
da Polícia Civil e da Corregedoria. Todos os documentos apontavam para a pena
de demissão.
O policial
foi preso pela Polícia Federal em 2022 e passou quatro meses na cadeia, sendo
solto em fevereiro do ano passado (veja vídeo acima).
O clube
tiros foi fechado e a PF apreendeu, no local, 2.555 armas.
Em 2023,
Diego foi tornado réu pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) pelos
crimes de falsidade ideológica, uso de documento falso e comércio ilegal de
arma de fogo.
O TRF5
também aceitou o pedido da Polícia Federal em Pernambuco para que as armas
apreendidas em Caruaru fossem doadas à PM do estado.
Após
recursos, o caso está sob análise do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Diego ficou
milionário com os empreendimentos, de acordo com as investigações da PF, e o
patrimônio dele saltou de R$ 390 mil, em 2018, para R$ 60 milhões, em 2021.
Ainda
segundo a PF, Diego tinha o maior clube de tiros do Brasil, com 8 mil
associados, e oferecia um pacote completo com assistência jurídica, armas e
treinamento para os associados.
Na época da
prisão, Diego estava construindo mais três clubes, com loja e serviços de
manutenção. Um deles seria para tiros de fuzil.
Segundo as
investigações, o CTA Clube de Tiro tinha associados em todo o Brasil e
agilizava a filiação deles em clubes de diferentes estados. Era uma manobra
para os filiados circularem pelo país com armas carregadas.