Após dificuldades, venezuelanas conseguem emprego como encanadoras no Grande Recife

Após sair do seu país de origem e passar por diversas dificuldades em solo brasileiro, as venezuelanas Yelitza Flores e Keila Ramirez conseguiram um emprego e a chance de reconstruírem no Grande Recife. As duas participaram de um projeto social e tiveram acesso a uma formação para encanadoras. 


Logo após o curso, elas foram contratadas por uma das empresas que atuam no esgotamento sanitário de quinze municípios da Região Metropolitana. No entanto, até conseguirem um trabalho na terra em que escolheram viver, a caminhada teve percalços.


As duas chegaram ao Brasil há dois anos, pela fronteira com o estado de Roraima. Saíram da Venezuela devido às dificuldades da vida no país em crise, contam.


Yelitza era cozinheira no país de origem e as dificuldades encontradas no Brasil quase fizeram que voltasse. "Fiquei por quatro, cinco meses, dormindo na rua, no chão. Comendo do lixo, o que não é bom. Aí eu fiquei, mas já queria voltar para a Venezuela porque não era vida para mim, nem para o meu neto", relatou.


Keila trabalhava como manicure e disse que a decisão de ir embora foi motivada pela falta de comida e pela busca de condições melhores para a família. "Eu vim primeiro, deixei meus filhos lá. Foi difícil para mim, não há nada mais difícil que migrar de um país deixando a família, pai, irmão", contou emocionada.


Seis meses depois, o marido, que trabalhava como pedreiro, e os filhos também vieram para o Brasil.


A chance de recomeçar apareceu após serem realocadas no estado de Pernambuco, com a ajuda da Organização das Nações Unidas (ONU). Em seu primeiro emprego, Yelitza trabalhava das 4h às 19h e mandava parte do salário para a mãe doente, até que a idosa faleceu e ela pediu demissão. Foi quando surgiu o projeto social.


Keila começou trabalhando como diarista e manicure em longas escalas, mas também teve no curso uma oportunidade de mudar de vida e investir em uma nova profissão.


"Foi muito impactante saber que mulheres com filhos e famílias estavam em situações tão vulneráveis. Morando na rua por meses, se alimentando de lixo. Isso foi um impacto muito grande para a gente aqui", contou a gerente de operações Renata Samuel Batista.


As venezuelanas seguem com um emprego fixo, melhor qualidade de vida e a família por perto. "Agora eu posso comer, posso vestir. Posso dar comida aos meus filhos e aos meus netos. Eu conheci aqui no Brasil muitas pessoas boas", disse Yelitza.


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